A sul do Rio Tejo,
o povo tem orgulho
num dia de nevoeiro
tropeçou num texugo
foi lá no Baixo Alentejo
no Monte do Vale Burro!
Mandava o abegão,
nas mãos levava uma flor
dentro do peito o coração
sem carinho e sem amor.
Dela, não estou farto!
para toda a gente ver
da vida o belo retrato
nunca se deve perder.
Herdada do passado,
mesmo quem a não queira
bem ainda estou lembrado
de quem fez tanta sujeira.
Lindos eram os seus olhos!
apaixonada bela moça trigueira
depois de ceifado, atado em molhos
era o trigo carregado para a eira!
Para o moinho seguia,
já da palha separado
pela mó era esmagado
transformado em farinha.
(Eduardo Maria Nunes)
O trigo era esmagado pela mó, o povo esmagado pela própria vida.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Tentei seguir o fio dos teus pensamentos, mas perdi-me.
ResponderEliminarE dei comigo a pensar que não sei o que é um abegão. Vou daqui para o motor de pesquisa da Google que ele saberá responder-me com toda a certeza.
Há dias assim!
Parece que o destino do povo acaba sempre por ser o mesmo do trigo; o de ser esmagado pelas suas dificuldades de vida. Até ficar feito em pó.
ResponderEliminar... E assim o trigo loiro
ResponderEliminarDeu farinha e fez-se pão.
Hoje, é esse pó de oiro
Que escasseia na Nação.
Vá lá saber-se a razão!...
Abraços
SOL
Eduardo,um belo e pertinente poema para o momento dificil que o povo está vivendo! Abraços e boa semana,
ResponderEliminar