De uma cepa fiz um pião,
de fios de linho fiz um cordel
num talego vazio sem farnel
para a merenda não havia pão!
Sempre houve e há descontentamento,
sempre houve e haverá arrogância,
a viajar, continuam no pensamento
lembranças, essas, da minha infância!
Nada disso estou inventando,
sem azeitonas um corno vazio
pelas faces corriam-lhe a fio
lágrimas dos olhos chorando!
Um alentejanito dizia,
tenho fome, ó! mãe dá-me pão
nos olhos, com lágrimas de tristeza,
magoado sentindo o seu coração
não filho! Sua mãe respondia. . .
O pão é para o teu pai comer
logo à noite, quando chegar do trabalho
com um feixe de lenha enfiado na cabeça!
Nada disso estou inventando,
sem azeitonas um corno vazio
pelas faces corriam-lhe a fio
lágrimas dos olhos chorando!
Um alentejanito dizia,
tenho fome, ó! mãe dá-me pão
nos olhos, com lágrimas de tristeza,
magoado sentindo o seu coração
não filho! Sua mãe respondia. . .
O pão é para o teu pai comer
logo à noite, quando chegar do trabalho
com um feixe de lenha enfiado na cabeça!
(Edumanes)
"Em algumas zonas do Baixo Alentejo. Era costume os homens à noite regressarem do trabalho com um feixe de lenha às costas. Para acenderem o lume e nele, ao serão, se aquecerem".
Se não houvesse mais ninguém para ir à lenha, que remédio tinha ele. Ou então rapava frio toda a noite.
ResponderEliminarBonita poesia à urze, flor do monte que é tão bonita!
Como o Alentejo sofreu.... corta o coração!
ResponderEliminarAbraço, meu amigo
Maravilhoso e sentido poema:)) Imagem belissima.
ResponderEliminarHoje com: Trilhos da Solidão
Bjos
Votos de uma óptima Quarta - Feira.
Fez-me recuar à infância...Os pinhais andavam sempre limpos, era tudo feito a lenha...Amei o poema!!
ResponderEliminarEmbriagada na luz da fantasia
Beijos - Boa Noite!
Lindo e puro.
ResponderEliminarTristezas tão verdadeiras essas
Obrigada por partilhar este pedaço de arte, história e sentimentos
Beijinho
Muita fome se passou no Alentejo. Mas não só. Na verdade muita fome se passou no país inteiro.
ResponderEliminarAbraço
Tão puro! É sempre um gosto ler a sua poesia, além de que aprendo sempre algo novo
ResponderEliminarr: Obrigada e resto de boa noite :)
Um poema que é uma viagem a um passado não tão distante quanto possa parecer.
ResponderEliminarAquele abraço
Tempos difíceis esses que felizmente já passaram.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Tempos em que se sofria para alimentar os filhos, mas as nossas matas estavam sempre limpas e o mato roçado à enxada, não haviam fogos e o adubo para criar o que comíamos era natural, as pessoas eram saudáveis, mais alegres e não gastavam dinheiro nos médicos.
ResponderEliminarSaudável pela nossa amizade vai aquele abraço.