quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

"VINAGRE AZEDO E SAL SALGADO"

Na aldeia onde fui criado,
não na aldeia onde nasci
no Monte do Pego do Alto
numa tarde, cair neve vi.

Também vivia a Ti Palmira,
no Monte do Pego do Alto
o Ti Lucas, na Ribeira de cima,
tinha na taberna e mercearia
vinagre azedo, e sal salgado.

A Ti Palmira, quando lá ia,
para comprar vinagre ou sal
ao Ti Lucas, dizia bom dia,
tenho sal mas é do salgado
e também vinagre do azedo
era assim que ele respondia,
a Ti Palmira, desses não quero!

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

"PACHORRA"

A caminhar para a desgraça!
Continua Portugal condenado
Por que não tem nenhuma graça
Por isso nada tem de engraçado.

Vendem ilusões a qualquer preço,
Cantam vitória sem a terem alcançado
"Aqueles filho dum cabresto
Duma égua e dum cavalo cansado"

Com pão duro, coentros e azeite se faz a açorda,
Com pão quente, açúcar e azeite se faz a tiborna
Sem emprego, sem dinheiro, por causa da mão marota
 Que entra nos bolsos dos contribuintes a toda hora.

Sem tiborna e sem açorda.
Fica o povo se continuar dormindo
Para com quem nos está destruindo
É preciso, mesmo, ter muita pachorra!
(Eduardo Maria Nunes)

sábado, 15 de fevereiro de 2014

"A SOMBRA DE UM CHAPARRO"

Na imaginação o poeta.
Foi à Ilha da Lindalva
Lá encontrou a Sereia
De biquíni, na areia deitada
 Bronzeada, sempre bela!

As saudades são tantas!
Da sombra do chaparro
O rimador das ondas
Ainda está recordado
De ter bebido água fresca
Da fonte por um cocharro
 Caiu-lhe uma lande, em cima da tola
Fez-lhe um grande galo na mioleira
O maroto canta a qualquer hora
Faz tamanha a barulheira
O magano não tem cuidado
Agita as galinhas na capoeira!

Resolveu ir dar uma passeata,
A caminhar por uma vereda
Encontrou uma linda gaiata
De olhos castanhos, morena!

Sorriu para ela, ela não correspondeu
Desapareceu de repente
Não sabe onde a magana se escondeu.

O rimador das ondas, desmaiadas na areia...
Sobre o azul do céu, ímpeto calor do sol de verão
Escreveu com carinho esta rima dedicada à Sereia
Com um sorriso nos lábios, papel e caneta na mão!
(Eduardo Maria Nunes)

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

"EM DIA DE TEMPESTADE"

Um louco em São Bento!
Na assembleia, agita o debate
Entra a mentira no parlamento
Fecham portas à verdade.

Abusiva política em liberdade,
Na pocilga prendem os porcos
Para comer não têm carne
Os cães roem os ossos.

O mundo não está seguro,
Nem com uns, nem com outros
Portugal e o/ou sem futuro
Governado por loucos!

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

"NA ILHA NÃO HÁ PESSEGUEIRO. HÁ PERCEVES"

Um fartote de palavras.
Bem ou mal rimadas entre si
Em viagens já realizadas
Foi assim que as descrevi.

No Alentejo a viajar,
Pelas praias da costa vicentina
Na charneca, o céu sem neblina
Vi os peneireiros a voar

 Imaginei uma onda gigante.
 Na praia grande do Porto Covo
Numa rocha não muito distante
Pousava um, preto, corvo.

Real, não imaginação.
Corre a água no Rio Mira
Nasce na Serra do Caldeirão
Pelo vale entre montes
 Passa sem parar por Odemira
Desagua em Vila Nova de Mil Fontes.

Entre Vila Nova de Mil fontes e Odemira,
Muito ocupados na pesca das ostras
Num barco a navegar no Rio Mira
Ocupantes, dois moços e três moças.

Porto Covo, Ilha do Pessegueiro,
Há um forte junto à praia, não na ilha
Na ilha, como canta Rui Veloso
Não há nenhum pessegueiro
Plantado por um vizinho de Odemira
Que dizem por amor morreu novo.
(Eduardo Maria Nunes)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

"PELA RACHA"

Não irei votar à sorte.
Porque penso bem votar
Sem mascara, sem capote
Vou votar pelo seguro
 Não no que estão a pensar.

Nas ondas a navegar!
Cai no fundo do mar morto
Pela racha da urna vai entrar
O meu boletim de voto.

 É contra a democracia.
Em branco não vai não
Com felicidade e alegria
Se constrói uma nação!

 Não a pretendo perder,
O faço de boa vontade
Em quem não vou dizer
 Por respeito à liberdade
Em segredo permanecer!
(Eduardo Maria Nunes)