(o pastor e as ovelhas)
(um pão alentejano)
(um corno com azeitonas)
Lá no campo o moço guardava as ovelhas!...
na descampada planície alentejana, num dia à tarde
na cabeça usava uma boina, com ela tapava as orelhas
para as proteger, da chuva, do frio e da humidade.
Numa mão levava o talego com azeitonas e pão,
só e apenas na outra sua mão o bordão levava
como jornaleiro, recebia pouco mais de um tostão
tinha no casebre o catre sem enxerga e mais nada!
A trabalhar de barriga vazia,
sem ter almoço para comer.
Se é para todos o meio dia
o pobre nasceu para nada ter.
Bebia água pelo cocharro,
para o estômago enganar
deitado à sombra do chaparro
pão e azeitonas p'ro jantar.
Teimava no chão não se sentar,
para não sujar as calças no traseiro
junto das ovelhas um dia inteiro
encostado no bordão a descansar.
Porque eles não ignoram!...
sabem que do trigo se faz a farinha
depois de um dia de descanso, adoram
os alentejanos, Ceia e Caminha.
O trigo no campo ceifei,
não se vão zangar comigo
porque eu mentir não sei
as verdades sempre digo!
(Eduardo Maria Nunes)