Nos bichos e nas sílabas endiabradas!
Aconteceu num momento de sorte
Nas pétalas das rosas desabrochadas
Para rimar com flores, encontrei o mote.
Nem no centro, nem no norte,
Nas paisagens do Alentejo litoral
Medonho sopra o vento forte
Tentando destruir Portugal.
As medidas alarmantes,
Aumentam as contestações
Cujas ideias deteriorantes
São perigosas intenções.
Na cabeça leva o véu,
A noiva para o altar
Brilham estrelas no céu
Noites escuras sem luar.
Pastam as cabras lá na serra,
De noite e de dia a relampejar
Sem cessar, cai a chuva na terra
Lá no monte os lobos a uivar.
Luzem os olhos dos gambuzinos,
Escondidas as matreiras raposas
Cuidam dos bois bravos os campinos
No campo há coisas maravilhosas.
Há gaiatas bem jeitosas,
Na idade de acasalar
Outras tantas enganosas
Que esperam encontrar.
Bem maduras aprendem a voar,
Lá vão elas sorrateiras à procura
Não se cansam de imaginar
Pelos caminhos da aventura.
Quando falham ficam a chorar,
Não tiveram atenção à ranhura
Voando alto demais sem reparar
Na distância do amor à ternura!
(Eduardo Maria Nunes)