Não sou poeta louco,
escrevo imaginando
na cabeça sem gorro
a loucura cantando!
Não sou poeta louco,
escrevo a imaginar
quando no lado oposto
ouvi a loucura gritar.
Não sou poeta louco,
gosto de navegar na loucura
olhando para despido corpo
cuja a visão me perturba.
Não sou poeta louco,
nem consigo disfarçar
quando nu vejo um corpo
de mulher me provocar!
Não sou poeta louco,
mas tenho que me conter
esperando mais um pouco
para a loucura acontecer.
Não sou poeta louco,
não sei se nasci duma loucura
sei que sou oriundo dum povo
que lutou contra a ditadura.
Não sou poeta louco,
nem sou contra a loucura
contento-me com pouco
de nada tenho fartura.
Não sou poeta louco,
apoquenta-me a preguiça
com um balde tirei do poço
água para regar a nabiça.
Não sou poeta louco,
daqui não quero abalar
eu sei que não encontro
do que este melhor lugar.
Não sou poeta louco,
a verdade, estou a dizer
gosto muito e não pouco
de neste mundo viver!
(Edumanes)