por pisar nas pedras aguçadas
pelas estradas, da vida, empoeiradas
no silêncio da noite adormecida.
Sobre as pedras da calçada calcorreando,
numa rua junta a uma velha casinha na aldeia
da qual, a chaminé, já não fumega fumo branco
em cima duma mesa, sem torcida uma candeia
e um velho pote sem azeite a um canto.
Um tenaz e uma trempe,
uma enxerga e um velho catre
tristeza nela tanta se sente
tristeza nela tanta se sente
lenha na lareira já não arde.
Porque foi embora a alegria,
deixou lá no silêncio a tristeza
como dantes muita mais havia
agora não haverá lá tanta pobreza
mas todavia, abandonada sem alegria
continua a humilde casinha portuguesa!
(Eduardo Maria Nunes)