Tô d'abalada!...
vô partir p'ro Alentejo
levo a trouxa dentro da mala
pela ponte Vasco da Gama
atravessarei o Rio Tejo
desta para a outra banda.
Para da fonte beber água
também levo o cocharro
de cortiça do chaparro tirada
na bagageira do carro.
Vô passar na Marateca,
Alcácer do Sal e Grandola
porque há coisas levadas de breca
dizia a mãe, à filha duma magana
Nas ondas vô mergulhar,
lá na praia do Almograve
no Concelho de Odemira
faz fronteira com o Algarve
a sul, para lá do Rio Mira.
Vô correr à beirinha do mar
na areia onde a água se despista
enquanto o esqueleto aguentar
todos os dias uma corrida.
Quando, de lá, voltar,
trago a foice, fica lá o martelo,
trigo e cevada já não há para ceifar
a foice, porque foice já lá não faz falta
foi útil na ceifa do trigo no Alentejo
dizimaram quase toda a semente
dizem que é terra queimada
do calor do sol ardente!