Digo não, ao que não desejo,
Digo, sim quando preciso
Digo, sim a um beijo
Digo, por que não sou esquisito
Digo, abrigado para algo agradecer
Digo, irra quando de algo indignado
Digo, sim o que não irei esquecer
Digo, sempre o que tenha a dizer
Digo, mal nunca fiz nem nunca farei
Digo, fora de época está muito calor
Digo, bem me lembro por onde andei
Digo, já fui ao jardim colher uma flor
Digo, na terra sementes já semeei
Digo, já ceifei trigo e cevada
Digo, terra já lavrei
Digo, cavei terra com a enxada
Digo, carreguei cortiça com a carreta
Digo, já escrevi com lápis de carvão
Digo, também escrevi com a caneta
Digo, fui muitas vezes a Garvão
Digo, não estou mentindo
Digo, porque é verdade
Digo, não estou fingindo
Digo, nasci no Alentejo
Digo, não à beira Guadiana
Digo, moro perto do Rio Tejo
Digo, amigo, amigo não engana!
(Eduardo Maria Nunes)