segunda-feira, 25 de abril de 2016

"VERDE NASCE, VERDE CRESCE"

De dor se padece!
Com a foice ceifado
na idade adulta alourado
verde nasce, verde cresce
o trigo na terra semeado.

Uma noite ouvi barulhar,
 fiquei em silêncio cheio de medo
lá no Alentejo um grilo a devorar
as verdes folhas do trevo

O vento neles a soprar,
fazia abanar os arbustos
foi nas noites de luar,
que apanhei grandes sustos.

Quando eu ficava quedo,
porque ela também ficava
da minha sombra tinha medo
de noite quando para ela olhava.

A correr sem olhar para trás,
ó! Pernas para que as quero,
na minha vida era um desassossego
o cagúfe não me deixava em paz!
(Edumanes)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

"NO CANTO DO OLHO"

 Não deixa ficar desalojado,
quem você mais ama chorando,
com uma lágrima no canto do olho
se sair fecha a porta com o ferrolho
em casa, no trabalho ou viajando
 bom fim de semana, prolongado!

Não haverá felicidade sem amor?
 Para quem a vida será mais sombria,
 quem no corpo sente ausência de calor
mergulhado na tristeza, sem alegria.

Não satisfeitos os desejos,
 terão eles zarpado com os afagos
sentindo ausência dos doces beijos
esperando ternurentos abraços.

Terá sido apenas um sonho,
mas, podia ter sido realidade
à vida bela nunca se opondo
porque lhe dá estabilidade.

Zarpando da vida penosa,
 foi ao encontro da felicidade
adormeceu no colo da generosa
 acordou na cama da saudade!
(Edumanes)

quarta-feira, 20 de abril de 2016

"NA CHAPADA"

Bem me lembro ainda!
nunca ninguém este conto
terá ouvido alguém contar
escrito em prosa e em rima.
Na chapada um leão,
 junto à praia da Chuanga,
quando no Lago Niassa, 
nadava um tubarão!
Da outra banda a voar
 um mosquito sem destino,
de emergência foi aterrar
na torre dum submarino!
O comandante muito aflito
 deu o pino para dentro da Piroga,
 do Fuzileiro, António Páscoa,
rumo a Cobué navegava àquela hora!
Com amor é que melhor se constrói
a cama quem nela se quer deitar;
assim fez com bravura o herói
para evitar uma desgraça
naquela noite de luar!
(Edumanes)

terça-feira, 19 de abril de 2016

"SEM IMAGINAÇÃO"

Estava eu a pensar no que havia de escrever,
nada me surgia na imaginação! Resolvi então,
colocar a toalha na mesa da cozinha, a correr
fui buscar o chouriço, o presunto, o queijo e o pão,
a pensar qual seria depois do lanche a sobremesa
por causa da pressa, apressada, tropecei no garrafão
escusado será dizer, de que a culpada foi a paciência!
Peguei na cana, que tinha na ponta colocado o anzol
resolvi ir para o rio pescar, sem de pesca perceber
pelo caminho sem querer pisar, mas, pisei um caracol;
 o coitado do bicho, sem se poder da pisadela defender
telefonei, imediatamente, para a veterinária de serviço
 prontamente respondeu de lá que não podia atender
porque estava prestando assistência um ouriço!
(Edumanes)

segunda-feira, 18 de abril de 2016

"ERVAS DANINHAS"

Cavei e semeei na terra!
Umas quantas batatinhas,
antes de partir para a guerra,
quando voltei, que resistiram à seca
verdes, só lá vi ervas daninhas.

Foram semeadas em terra alheia,
porque lá a terra era de meia dúzia
bem na vida viviam de barriga cheia
à conta do suor da raia miúda!

Como eram por eles considerados,
tinham que lhes obedecer 
se o não fizessem eram encarcerados
sem direito a quem os pudesse defender.

Porque, eram assim pois então,
neste país haviam muitos mais
nos gabinetes, em defesa da Nação
quem mandava eram os generais!
(Edumanes)

sexta-feira, 15 de abril de 2016

"CHUVA DE LÁGRIMAS"

Não deixando de imaginar!
Tudo o que nasce tem de morrer
Todavia, sem antes, eu, ficar a saber
Como é que o mundo irá acabar?

Gotas de água em Abril,
Das nuvens caídas na terra
Sem deixar de ser gentil
Esta, chorona, primavera!

Nesta terra haja sempre paz,
Para dar à vida mais qualidade
Com Toda a chuva que falta faz
Sem nos afastar da felicidade!

Ao romper da bela aurora,
com lágrimas de paixão e ternura
Caídas dos olhos de quem as chora
Na terra serão gotas de água pura!
(Edumanes)

segunda-feira, 4 de abril de 2016

"FAVOS DE MEL"

Desejos a granel,
drapejam no seu olhar
lindos olhos cor de cinza
os seus lábios favos de mel
beijos doces de menina!

Sofre quem sente,
a demora angustiada
da espera impaciente
nesta vida apressada.

Lágrimas doridas,
dos olhos caem no chão
 paixões adormecidas
silenciam o coração.

Para sempre recordação,
saudades perdidas no tempo
sem terem cama nem colchão
noites dormidas ao relento!
(Edumanes)

domingo, 3 de abril de 2016

"ABATANADO"

Quando no Café Nicola entrou,
a história que eu aqui vou contar
um amigo meu é que me contou
depois de ter ido a Lisboa passear!
À moça mais bonita e sorridente,
foi a ela que ele se dirigiu, dizendo
 serva-me um abatanado bem quente,
 sem para os seus olhos deixar de olhar
com vontade dos seus lábios beijar!
Logo ela quase fazia um pé de vento,
 mas, calmamente, ele menina dizendo
não queiras agora aqui dar nas vistas,
porque, eu já estou todo tremendo!
venho lá do outro lado do Rio Tejo,
pegar nessas tuas mãos tão bonitas
para te levar comigo para o Alentejo!
  Respondeu, não quero ir contigo não,
 fiquei com aquela resposta tão abalado,
por, assim, ter magoado o meu coração,
sem nenhuma culpa de ter engraçado,
com ela, pobre coitado tão apaixonado
de tanto pensar naquela bela moça!
Com ela sempre no meu pensamento,
sem perder a esperança de lá voltar.
Pois, amigo, já voltei aquele lugar,
mas, só lá vi sem água uma poça
fiquei desolado, pus o pé lá dentro 
voltei para a aldeia tão descorçoado,
naquele tempo, triste o estava vendo
lá na esquina de sua casa encostado!
(Edumanes)

quinta-feira, 31 de março de 2016

"APELO À DESGRAÇA"

Segue a tua viagem, por outros vertentes,
 por não saberes quanto é que lhes custa a dor
não interrompas os caminhos surpreendentes
 de acesso às pétalas perfumadas dessa flor!

Deixa-nos, aqui, viver sem atropelos,
não nos queiras de jeito nenhum atropelar
nem com invejas, nem dores nos cotovelos
em paz deixa-nos neste mundo continuar!

Com humildade apelo à tua boa vontade,
para não nos empurrares para o desespero
 deixa-nos ao menos ficar em paz com a saudade
 não impeças cada um de consumar o seu desejo!

Por não ser apenas pintada numa tela,
 a vida é um bem, não se deve desprezar
 nunca de maneira alguma  se zombar dela
  por ser tão bela, não quero daqui abalar!
(Edumanes)

quarta-feira, 30 de março de 2016

"DE SUL PARA NORTE"

Olhando para o Rio Mira,
odemirenses orgulhosos
desse rio que banha a vila
seguindo os seus contornos.

De noite e de dia água corre,
rio abaixo sem para descanso parar
 desde a nascente, de sul para norte
em Vila Nova de Milfontes desaguar,

Português, cidadão,
enfrentando o desafio
nasce na Serra do Caldeirão
em território algarvio.

Não adianta fugir,
daqui não quero abalar
nesta terra que tanto amar
quero continuar a sorrir!
Edumanes)