sexta-feira, 2 de junho de 2017

"ZAROLHO"

Com um olho na sobremesa,
se eu fosse zarolho não via na tigela
colocada em cima da mesa
a sericaia dentro dela!

Ninguém se poderá queixar,
do que lhe causa agradável sensação
 sem falhas depois do jantar
não haverá direito a reclamação.

Por já não ser como antes era,
às vezes dói-me que se farta
mas lá por me doer uma costela
não pensem que dou parte fraca.

Não sou nenhum herói,
nada estou a inventar
quem armas constrói
com elas se pode matar!
(Edumanes)

quinta-feira, 1 de junho de 2017

"SE BEIJANDO"

Mesmo tendo esperança,
jamais poderei recuperar
aquele tempo de criança!

Como antes na praia subia a maré,
recuperá-las todas, eu, pretendo,
descalço dei um pontapé no vento,
lá se foram as unhas dos dedos do pé!

Se antes, disso, as tivesse cortado,
não tinha acontecido o que aconteceu
 mas, para isso devia ter tido cuidado
 agora a mim, mesmo, me queixo eu!

Contra as rochas se esfrangalhavam,
as mais assustadoras eram as tontas
se beijando na areia desmaiavam
 quando eu olhava para outras ondas!
(Edumanes)

quarta-feira, 31 de maio de 2017

"PINOTE"

Deixou escapulir a bicicleta,
agora não a consegue agarrar
nem daqui até à Sonega,
duas rodas pelo chão
não tem asas para voar
sem perigo de poluição!

Não é objecto voador,
pelo escape não deita fumo
invenção, a todo vapor
modernices deste mundo!

De pé estou aplaudindo,
da maneira como corre
agarrá-la  é a sua intenção
 será que do Sul está fugindo
e  correndo para o Norte?
Mas, se se cansar o coração
o mais certo é dar um pinote
e bater com os calcanhares no chão!
(Edumanes)

terça-feira, 30 de maio de 2017

"ESPERTO NOS CABEÇA"

À espera de reaver a inspiração,
sem saber onde estava a poesia
com a caixa dos pirolitos vazia
não sabia mais o que escrever
nada me ocorria na imaginação
para o espaço a seguir preencher!

Por causa do cabo da enxada
que me perturba o sossego
se aqui já não faço nada
vou à procura de emprego.

Nas mãos faz-me calos,
e mais ainda vergar a mola
quem trabalha são os parvos
a troco de mísera esmola.

Para a caldeirada temperar,
sem alho e sem azeite na dispensa
 quem não tem esperto nos cabeça
está sujeito toda a vida jejuar?

Passa  a vida de pau para o ar,
sem deitar uma, única, pinga de suor
sopre o vento chova, faça frio ou calor
 quem nasceu para bem a vida gozar!
(Edumanes)

segunda-feira, 29 de maio de 2017

"LOUCURA DE PERNAS P'RO AR"

Por causa do amor louco,
o ciúme causa sofrimento
desaparece num sopro,
mais rápido do que o vento!

Se for sempre assim tão gentil,
não haverá perigo de curto-circuito
sem folgas bem encaixado no sítio
 enquanto se mantiver o fusível!

Em liberdade faz das suas,
se alguém não o consegue de ter
sem se ver vagueando pelas ruas
quem por ele espera faz sofrer!

Voando nos sonhos da aventura,
promete sem saber se pode cumprir
com abraços e beijinhos à mistura
os lábios de quem se ilude faz sorrir!
(Edumanes)

domingo, 28 de maio de 2017

"QUADRAS EM RIMA CRUZADA"

Será, portanto, privilégio,
onde o calor mais aquece
daqui, eu, vejo o Rio Tejo
e algo mais que acontece.

Abro a janela entra o vento,
como prisioneiro sem liberdade
enquanto se mantém cá dentro
 lá fora amaina a tempestade.

 Pia o pintainho, com sede, incomodado,
como um galo sem poleiro envelhecido
cada dia que passa ficando mais depenado
e com menos água para molhar o bico.

No verão a água escasseia,
quando no inverno pouco chove
recuso-me, falar da vida alheia
porque, a tristeza me comove!

Porque, hoje  não é dia de tristezas,
para festejar a final da Taça de Portugal,
já ontem para beber fui comprar as cervejas
 esqueci-me do camarão, mas não faz mal.

Bebo as cervejas pensando nos caracóis,
 porque me esqueci de trazer o camarão
mesmo não sendo apaixonado por futebóis
 não deixo, todavia, de aplaudir o Campeão!
(Edumanes)

sábado, 27 de maio de 2017

"DESABROCHANDO"

Para além do fim não há saída,
assim sendo como imagino eu
de que algo de bom aconteceu
na escuridão da noite perdida!

Surgiram na claridade,
rosas desabrochando
das pétalas exalando
perfume na felicidade.

Cada um vive com o que tem,
proveniente de uma herança
que não se prolonga para além
de onde se perde a esperança!

Por isso aproveitem bem,
desejo vos bom fim de semana
com o que de bom a vida tem
a felicidade vos acompanha!
(Edumanes)

quinta-feira, 25 de maio de 2017

"SAUDADE"

Para quem gosta ou não da Vila de Odemira,
agradeço com o meu muito sincero obrigado
nela reina a paz, dando continuidade à vida
com a tranquilidade à sombra do chaparro!

De algo que eu penso,
às vezes é diferente
para passar o tempo
vou mas é dar ao dente.

Beber uma cerveja,
está na hora do lanche
depois albardar a besta
vou partir para longe.

Mas, só no pensamento,
sem sair de onde estou
por aqui  passou o vento
com a saudade me deixou!
(Edumanes)

quarta-feira, 24 de maio de 2017

"ATRAENTE"

Há uma vila encantada,
na encosta branco casario
por baixo da ponte no rio
para o mar corre a água.

Vistosa Vila de Odemira,
alentejana, bela atraente
recebe calorosamente,
toda a gente que a visita.

 Cuja natureza premia,
gente que nela habita
na paisagem que a rodeia
ambulante, o vento vagueia
nas margens do Rio Mira!
(Edumanes)

segunda-feira, 22 de maio de 2017

"ABELA"

Fui à feira da Abela,
p'ra comprar uns sapatos
olhei e vi na cara dela
os olhos remelados.

Nos lábios um sorriso,
com cheiro a pau de canela
ouvi um barulhento grito
era do namorado dela.

O moço ficou ciumento,
ao mesmo tempo amuado
fez tamanho pé de vento
da cabana abanou o telhado.

Com tanta confusão,
não comprei os sapatos
voltei com o dinheiro na mão
e no chão os pés descalços!

Num calhau dei uma topada,
da vereda o magano não se arredou
lá ficou com a teimosia arrecadada
o meu dedo doeu que se fartou!

Nem tudo isto foi inventado,
 a feira é Outubro e não em Agosto,
a quem não sabe digo também
não é a Bela e o Monstro.
Abela é uma freguesia 
do Concelho de Santiago do Cacém.

Não é peta, nem mentira,
há muito tempo, eu era gaiato
não me lembro quantos anos tinha?

É verdade, fui mesmo à feira da Abela,
não para comprar um par de sapatos
nem tão pouco para ver se na cara dela
 àquela hora tinha os olhos remelados!
(Edumanes)