quarta-feira, 11 de outubro de 2017

"QUEM NA PODA SE EXCITA"

Não sei quanto tempo me demoro,
quem ao descontentamento reage
enquanto com a imaginação não volto
fiquem com esse soneto do Bocage!

XXXV [SONETO DA AMADA GABADA]

Si tu visses, Josino, a minha amada
Havias de louvar o meu bom gosto;
Pois seu nevado, rubicundo rosto
Às mais formosas não inveja nada:

Na sua bocca Venus faz morada:
Nos olhos tem Cupido as settas posto;
Nas mammas faz Lascivia o seu encosto,
Nella, emfim, tudo encanta, tudo agrada:

Si a Asia visse coisa tão bonita
Talvez lhe levantasse algum pagode
A gente, que na poda se exercita!

Belleza mais completa haver não pode:
Pois mesmo o conno seu, quando palpita,
Parece estar dizendo: "Pode, pode!"!

5 comentários:

  1. Não há pai para o Bocage!
    >>>>
    Devoto incensador de mil deidades,
    (Digo de moças mil) num só momento.
    Inimigo de hipócritas, e frades.
    Eis Bocage, em quem luz algum talento;
    Saíram dele mesmo estas verdades
    Num dia, em que se achou cagando ao vento.
    <<<<

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    Respostas
    1. Fez alguns disparates,
      enquanto por cá andou
      disse muitas verdades
      os políticos incomodou!

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  2. A nossa imaginação, por vezes, prega-nos partidas

    r: Ora nem mais!

    Boa quinta-feira*

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  3. Um belo soneto que não conhecia do filho mais ilustre da manha cidade.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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  4. Há meu malandro que estás aprendendo com o Bocage a meter gingumbo a mais na caldeirada!
    O Grande Bocage sempre escrevia o português correto, sem preconceitos na linguagem.

    Abraço e diz-me onde compraste essa tesoura da poda.

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