quarta-feira, 15 de junho de 2016

"POBRE ESTUPIDEZ"

A história que eu, aqui, vou contar,
é verídica, não foi por mim inventada,
uma pessoa de minha família veio da aldeia
a Lisboa, me visitar na casa onde eu morava.
O dito meu familiar me convidou,
para ir com ele aos Olivais, um amigo dele visitar.
Com ele fui eu e o meu, falecido, sogro,
quando lá chegamos só estava a irmã do amigo do meu familiar,
esperamos que ele chegasse, quando chegou, as visitas desprezou
antes de perguntar à sua irmã! Já fizeste o jantar, traz lá o almoço,
junto à mesa numa cadeira se sentou, e toca a enfardar!
Não quis saber das visitas, o mal dele seria a fome
 se tinha razão, a razão não justifica a estupidez
 pelo facto de ser pobre
não impede de ser bem educado, cidadão português!
(Edumanes)

terça-feira, 14 de junho de 2016

"MALDADE CEGA"

O pouco que sobrou,
de quase nada
a piratagem se apropriou
do ouro e da prata.

O pobre sem cobre,
ficou com a lata velha
 atafulhada de miséria
 no mundo da fome.

O terror não amainou,
em seu redor tudo devora
 a paz em lá chegar demora
 onde a guerra se instalou.

A maldade nasceu cega,
dos dois olhos para nada ver
ódio no mundo arremessa
com o amor não sabe viver.

  Desfavorável à pobreza,
 a guerra nunca mais acaba
porque favorece a riqueza
no mundo desenfreada!
(Edumanes)

segunda-feira, 13 de junho de 2016

"ATÉ À NOITINHA"

Um dia de manhãzinha,
para me livrar do calor
fui beber água à fonte
de manhã pela fresquinha
encontrei lá no monte
 Margarida, linda flor!

Sentados numa pedrinha,
nos olhos um do outro olhando
apreciando as flores no campo
lá ficamos até à noitinha.

Naquela noite lá no monte,
tenha sido ou não com razão
não nos livramos dum sermão
quando voltamos da fonte.

Tolice a gente não fez,
Margarida, moça bela
ainda mantinha os três,
por respeito à tradição
nem num só cabelo dela
me deixou pôr a mão!
(Edumanes)

domingo, 12 de junho de 2016

"AVENTURA"

A uma pessoa, nesta vida,
acontece-lhe cada coisa
até parece que foi mentira!

Ao desviar-me dum torrão,
por uma estrada de terra
a cavalo numa bicicleta
um dia a caminho de Garvão.

Passei por cima duma pedra.
dei um grande trambolhão
entrei pela porta, saí pela janela.

Já foi há muito tempo,
que essa aventura aconteceu
fenómeno considerado teria sido
se no Entroncamento
tivesse acontecido, 
mas foi no Alentejo que aconteceu.

Porque, um mal nunca vem só,
sem estar munido de prévia autorização
por ter entrada na propriedade privada
fui punido com agravada repreensão.

Quando acontece uma desgraça,
 também, no nariz fiz um arranhão 
quando bati com a minha santa testa
naquela maldita porta do xilindró.

Da tola fiquei tonto,
não sei onde perdi a bicicleta
vou ver se a encontro.

Já fui e voltei,
pela mesma estrada
a bicicleta não a encontrei
mas encontrei
essa flor perfumada!
(Edumanes)

sábado, 11 de junho de 2016

"CHAVELHO"

Seja, sempre, acarinhada,
amargurada não seja a vida
nem em pensamentos injuriada
de ser vivida seja digna
nunca a vida seja desgraçada.

Não a uma folha comparada,
seca, no ramo da árvore  no outono
 em nenhum lugar seja abandonada
 merece carinho, e não abandono.

Por onde andas tu alegria,
qual foi o mal que te fizeram
devolve à vida a tua simpatia
onde não estás, te esperam.

 Dá-nos em adoçante,
os teus beijos embebidos
com voz meiga de amante
segreda-nos aos ouvidos.

Dentro duma cabana,
à luz da candeia
para alumiar a pestana
e satisfazer o bocejo...
Comendo um pedacinho de pão,
com azeitonas do chavelho,
para se manter a chama acesa,
na fogueira da paixão!

"Se um dia o sol se apagar,
no infinito dos céus
quero a luz do teu olhar
e o calor dos braços teus"
(Edumanes)

sexta-feira, 10 de junho de 2016

"CEIFANDO O TRIGO"

Camões, Grande Camões,
no mundo não há igual
não cabe dentro dum punho
viva o povo, viva Portugal 
viva as comemorações
do dia 10 de Junho!

Como é que será o futuro?
Neste país maravilhoso
escutem o que eu digo
ainda não levaram tudo,
deixaram ficar o restolho
só quiseram levaram o trigo.
Também só tiraram algumas letras
das palavras por Camões escritas,
não vergam a mola para limpar valetas
até já não sabem cortar fitas,
alguma gera-confusão de portugueses?
Via mais o Grande Camões,
do que aquelas e aqueles 
que nele só viam um olho!

Na terra onde nasci,
ceifando o trigo à calma
tanto amo a Pátria minha
Alentejo da minh'alma!
(Edumanes)

quarta-feira, 8 de junho de 2016

"PARTE DETRÁS"

Nasci em terra alentejana,
aos 9 dias do mês de Março
não nas margens do Rio Guadiana
foi mais próximo do Rio Sado
não muito longe de Messejana.

No campo trabalhei,
lavrei terra com o arado
foi nos Vales que cresci,
próximo dos Bicos...
Jamais me esquecerei
das flores que lá vi
nem da água que bebi
por um cocharro...
Em silêncio e paz,
 para esvaziar a bexiga
e ouvir cantar os piscos
ia para a parte detrás
daquele chaparro!
(Edumanes)

terça-feira, 7 de junho de 2016

"FOI MAIS FEROZ DO QUE O REI DA SELVA"

Seria filho do Diabo,
por não ser inteligente
indiferente ao diálogo
fez sofrer boa gente.

Mandou trancar as portas,
mais teimoso do que um jumento
fez com que as coisas maravilhosas
se tornassem num tormento.

Mandou apagar as velas,
para esconder a realidade
proibiu as coisas mais belas
em defesa da desigualdade!

Apoiante do capital,
criador da pobreza
governou Portugal
nele semeou tristeza!
(Edumanes)

segunda-feira, 6 de junho de 2016

"À SOMBRA DA BANANEIRA"

À calma desabrigado,
sem do sol me proteger
 fui pastor, guardei gado
 o tempo passa a correr!

Lá não havia azinheira,
em Vila Cabral no passado
foi à sombra da bananeira
não à sombra do chaparro.

Nos arredores de Vila Cabral,
vejam como estava equipado
 para me proteger do temporal
o qual, sempre tão indesejado.

Quantos anos já lá vão,
 penso não ser preciso dizer
para comer sempre tem pão
 o padeiro quando quiser.

 Na tropa, soldado sapador,
era essa a minha especialização
sempre dos deveres cumpridor
fui para a padaria fazer pão!

Foi p´lo bem da Nação,
Ditosa, amada quem me dera
contra a penosa condição
de quem trabalhava na terra.

De Lisboa levei um empurrão,
até parar em Lourenço Marques
bastante mal aconchegado no porão
por culpa de quem fez disparates.

Só mesmo o chão duro,
é pior do que um catre vil,
sem colchão para o corpanzil
tinha esperanças no futuro!

Tanto fazia doer as costas,
como perturbava mais sono
vendiam pescada às postas
os pescadores do engano.

Com alegria para o povo,
foi a liberdade que chegou
de um momento para o outro
numa só noite tudo mudou!
(Edumanes)

domingo, 5 de junho de 2016

"SOMENTE"

Com ou sem enganos,
no mundo, ou não desnorteado
o tempo passa a correr!
Quem por lá passou,
jamais se irá esquecer
das vezes que mergulhou
todas não terá contabilizado
 na água límpida do Lago Niassa,
isenta de poluição, transparente,
banhando a Vila de Metangula,
imaginando como estará diferente
de como era há cinquenta anos,
com quem estava somente,
 numa cubata normal.
Perto, em serenata
numa ilha tropical
cantando rouxinóis
lindos olhos de mulata
negros como dois faróis
riscando as águas de prata!