"DO ALENTEJO A MONÇÃO"

A desratização da política,

já deveria ter sido efectuada
não se justifica tanta pirataria

sustentar sem produzir nada.

Do Alentejo a Monção,

a viagem que ainda não fiz

porque o destino assim o quis

já passei no Túnel do Marão.

Sem o perfume duma flor,

eu escrevo, assim, imaginando

neste mundo não alegre cantando

como seria triste viver sem amor.

Seria, tristemente, não sorrindo,

como que nada de bom existisse

não estou aqui a ninguém embaindo,

pois eu bem sei que o amor existe.

Se o ciúme não causar discussão,

 nos lábios bailam de noite e de dia

sorrisos de verdadeiro amor e paixão.

 Se a tristeza não apagar a luz à alegria

de felicidade se ilumina o coração!

(Edumanes)

"ÀS NUVENS SOBE"

Geringonça em movimento, lento, 

Para chegar ao fim da linha, sem descarrilar,

porque, os ricos abarbatam todo o fermento,

nada sobra para a massa do pão dos pobres levedar!

Fantasias me fizeram num sonho!

depenado da cama voar...

Tropecei no lavatório, dei um tombo

sonolento, fui cair dentro do alguidar?

Para das nuvens voltar a cair na terra,

as águas superficiais às nuvens sobem

 porquanto, uns semeiam a guerra,

por ela causada outros desgraças colhem!

(Edumanes)

"ASTRONAUTA"

Bom fim de semana,

não façam, mesmo, nada

esperando lá na cabana

pelo vosso astronauta!

Alentejano astronauta,

ontem, estava sonhando,

à noite, tocando uma flauta

sobre o Alentejo voando!

Foi aterrar no Algarve,

à sombra duma alfarrobeira

apareceu lá aquele alarve

fez estrondosa barulheira.

Com atenção olhou para ele,

disse olá, chibante, camarada

já deixaste o luxuoso palacete

onde fizeste a maior borrada.

De repente, todo ele se eriçou,

quase não teve tempo de descolar

em silêncio,  sozinho a resmungar

com o seu mau feitio lá ficou!

(Edumanes)

"CAGAÇO"

Mesmo que ela queira,

alentejano, não sorrindo

em serviço nunca brinco

com o chapéu na cabeça!

Até ao fim da vida!

devagar vou andando,

 não tenho outra saída

de algo reclamando,

alguém mais alto grita?

Alegre, irei cantando?

Para além do desbote

não estará mais brilhando

nem eu estou acreditando

que vá encontrar o mote

para continuar rimando.

Nos tempos de outrora,

a minha vida no campo

quando eu era gaiato

de dia trabalhando

à noite ia para a escola

pelo caminho ia cantando

para espantar o cagaço!

Agora há muito luxo,

não me oponho a isso

há quem faça estrebucho

sou contra o desperdício.

Porque, as desgraças,

acontecem a qualquer hora

por isso se libertam lágrimas

dos olhos de quem chora!

(Edumanes)

"JÁ POR LÁ PASSASTE"

O Cravo dialogando com a Rosa,

se eu pudesse a trás voltar,

estou velho eu bem sei,

mas gosto de para ti olhar!

 Rosa que és tão bonita,

acredita, porque é verdade,

 no que eu te estou dizendo,

bem eu queria se proibido não fosse 

as tuas pétalas perfumadas te roubar!

A Rosa, 

Estás velho já percebi

já fizeste o que tinhas a fazer

o que me faz feliz não encontro em ti

porque já não me dás prazer!

Estou na flor da idade,

tu já por lá passaste

vou procurar a felicidade

onde tu outrora a deixaste?
(Edumanes)

"COM ÁGUA NO BICO"

Debaixo, eu bem vi da sua blusa,

dois perfeitos, redondinhos, tem ela

como nada quero com a escaramuça

 por isso é que eu sempre fujo dela!

Essa porra da, porca, política,

não é para alentejano entender

porque até o mais pobre acredita

de que na União pode enriquecer.

Sim, vai é ficar na miséria,

mesmo que de nada se pareça

mais do que um pêssego careca

 pelado, sem cabelos na cabeça.

Desconfio, é com água no bico,
de que eles nos estão acarinhando

para darem ao seu amigo mais rico

aos pobres continuam rapinando!

(Edumanes)

"ROSAS A DESABROCHAR"

Não tem a palavra florilégio,

nenhuma ligação com as floreiras

também as lindas moças trigueiras

não são só oriundas do Alentejo!

Terão elas outros costumes,

não iguais, são diferentes

muitas por causa dos ciumes

vivem infelizes, descontentes.

 Todas as flores exalam perfume,

as mais lindas são as rosas a desabrochar

será que alguém consegue esconder o ciúme

dentro do peito sem o coração magoar?

Para além do destino,

a felicidade nunca sobeja

bondoso, penso eu que seja

não sei por isso imagino!

(Edumanes)

"PINTASSILGOS CHILREANDO"

Para fazer não tenho nada!

Sem ter tempo para a enaltecer,

todavia, tenho muito para fazer,

 partirei sem ter a obra acabada?

Pela subida deslizando,
chapada abaixo até ao rio
ouvi pintassilgos chilreando
com os melros aos desafio!

Estava o macho a relinchar,

a curta distância da mula

não parava de estrebuchar

tinha nas orelhas uma pulga!

Logo me fizeram lembrar, 

fenómenos do Entroncamento,

não se fartam de tanto gritar

os políticos no Parlamento!

(Edumanes)

"DE BAIXO PARA CIMA"

Quem o talento descobre,

com ele na vida tem fama

seja rico ou seja pobre

neste país toda a gente reclama!

Enquanto os pobres trabalham,

quem tem muito , é porque muito gama

os ricos  ganham dinheiro deitados na cama

até a dormir com os trabalhadores ralham!

Partem-se as garrafas,

 as rolhas ficam para outras

nunca acabarão as desgraças

por causa de mentes loucas.

No mundo das descobertas,

já nada mais se descobre

porque estão viradas às avessas

de baixo para cima água corre!

São as novas tecnologias,

 postas ao serviço da humanidade

 o profeta, Bandarra, nas suas profecias

previa no futuro menos honestidade

ausências de tristezas, alegrias!

"Sou sapateiro, mas nobre 

Com bem pouco cabedal: 

E tu, triste Portugal,

Quanto mais rico, mais pobre".

"MILHADURA"

Ceifando o trigo ao calor,

no tempo da ditadura

quase nada o trabalhador

recebia de milhadura!

Nos campos ao rigor

afugentador da ternura

o latifundiário explorador

tinha tudo com fartura!

Porque, eu cá nada invejo,

para os habitantes das Parreiras,

que o sossego seja privilégio,

depois de mais um dia de fadiga!

Como se viam outrora mondadeiras

por essa deserta, agora, avenida

passeando,  para além do outro lado

ao domingo alentejanas trigueiras

a caminho do Vale de Santiago,

no Coração do Baixo Alentejo!

(Edumanes)