sábado, 16 de dezembro de 2017

"DOBADOIRA"

Junto da sua fazenda, 
Que em volta da dobadoira
Mede uma légua em redor,
Estava no fim da merenda,
Mais a gente da lavoira,
Soberbo e mau lavrador.

De minha autoria não sendo,
Desconheço o autor,
A verdade estou dizendo!

terça-feira, 12 de dezembro de 2017

"CARTA DE UMA MÃE PARA SEU FILHO"

Querido mê filho tô escrevendo para ti esta carta. 
Que é para saber se estás de boa saúde. . .
Se a receberes dá noticias tuas, se a nã receberes nã digas nada.
Ê mais o tê pai estamos muito felizes.
 Porque, vamos ser, ê avó o tê pai avô.
A  tua irmã mandou dizer que vai ser mãe pela primeira vez.
Ainda nã sabe se vai parir um menino ou uma menina.
Por isso, mesmo, também nã sabemos se vais ser tio ou tia.
Mê filho querido do mê coração, fica sabendo que te amo muito.
Fui comprar um casaco para te mandar como presente de Natal.
Mas, como os botões de ferro sã muito pesados.
despregui todos e todos despregados meti dentro do bolso esquerdo. 
Quando ele aí chegar pregas eles todos onde ê os despregui
Mê filho adorado, se ainda nã sabes fica sabendo. 
O tê pai disse-me que os acidentes. . .
Acontecem todos a menos de 100 metros da nossa casa. 
Foi por isso que mudas para outra mais longe.
Já me esquecia de te dizer.
não te mando os 100 euros que me pediste.
Porque só me lembrei depois de ter fechado o envelope!
(Edumanes)

domingo, 10 de dezembro de 2017

"QUE NÃO SE ARREPENDA"

 Não sei ainda,
quando irá chegar
seja bem vinda
sem danos causar!

Até quando não sei,
aqui eu quero ficar
com a Ana não irei,
se ela por aqui passar!

Quem ouviu não era surdo,
 não se sentiu incomodado
 disse uma vez um maluco
sou maluco mas não sou parvo.

Com promessas de mão cheia,
sem luar em noites de escuridão
quem pelas ruas sem guarida vagueia
ao encontro de uma côdea de pão!

Também há quem porventura,
se aproveite com  fingida afeição
para em troca duma melhadura
subir na escala de pontuação!

Não acalentam corações,
porquanto, ferem a felicidade
 libertos em todas as direcções
voam sorrisos de falsidade!
(Edumanes)

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

"POR VALES E CERROS"

Até aqui caminhando, cheguei agora,
sem que tivesse encontrado a sorte
nem ao menos para temperar a tiborna
uma pinga de azeite no fundo do pote!

Qual teria sido o brincalhão,
que disse velho se torna menino
quase, eu, dava um trambolhão
sem nunca ter perdido o tino?

Por isso é que escapei ileso,
para em frente continuar
enquanto, ainda, rabear
não consigo aqui ficar quedo!

Continuando a caminhada,
sem saber o que me espera
como, outrora, se vergava
o esqueleto já não se verga!

Nunca para além dos exageros,
tudo nos conformes sempre fiz
até aqui vim por vales e cerros
 disso, vitorioso, me sinto feliz!
(Edumanes)

domingo, 3 de dezembro de 2017

"VEJAM! NÃO É MENTIRA"


Já acendi a salamandra,
para não congelar aqui em casa
porque, o frio é uma ameaça
à velhice sem esperança!

 Já perdeu a sua beleza,
da velhice não quer saber
deixa ficar não leva a tristeza
o tempo passa a correr!

O inverno é preciso,
sem casa e sem roupão
do sem abrigo é inimigo
mais amigo é o verão!

Aquece-lhe o esqueleto,
o calor, do sol, ardente
na eira o vento passageiro
leva a palha deixa a semente!
(Edumanes)

sábado, 2 de dezembro de 2017

" A BELA MULHER FANDANGA"

Muito mal vai a moenga,
dos que já não se movem
como se moviam outrora
antes ou depois do sol posto
por bem não por mal se entenda
essa Ilusão com espírito jovem
dizem os mais velhos na tropa
de que a velhice é um posto.

Ele passa com ligeireza,
todos, ainda, os não levou
os cabelos da minha cabeça
porque, careca não estou.

Para além da flor da idade,
estão grisalhos eu bem sei
não ignoro a realidade
de meio século já passei.

todavia, compreendo,
 com paciência sem ter pressa
se eu pudesse parar o tempo
com se fecha uma janela.

Não posso eu nem ninguém,
melhor será ficar sossegado
cada um vive com o que tem
seja vagaroso ou seja apressado!
(Edumanes)

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

"RAINHA DO LAGO"

Numa aventura amorosa,
passei pelo vale da loucura
das pétalas libertava uma rosa
perfume e desejos de ternura!

Estava amena a temperatura,
no céu azul brilhava o sol
sobre um manto de verdura
à gargalhada ria o Caracol.

O que não agradou à Cigarra cantadeira,
a qual cantando, porventura, passeava nas imediações
  engalfinharam-se em discussão despropositada
 por mais ainda. sem qualquer razão, barulhenta
de parte a parte com insultuosos palavrões.
O Cágado, desembaraçado, foi pôr fim à contenda,
depois de feitas as pazes entre o Caracol e a Cigarra
envelvem-se numa dança que durou a noite inteira!

Até para lá, depois, da madrugada,
e para além do romper da bela aurora
a Cigarra e o Caracol cantaram à disgarrada
o fado, acompanhado à guitarra e à viola.
A  rã foi nomeada rainha do lago,
apurados os resultados da votação
secreta, por maioria foi nomeado
o Cágado rei e Senhor da bicharada
  tendo o Gafanhoto presidido à reunião!
(Edumanes)

terça-feira, 28 de novembro de 2017

"FUI NUM PÉ, VIM NO OUTRO"

Como é que devo fazer,
para encontrar o mote
 aqui sem uma palha mexer
 comigo não vem ter a sorte!

 Imaginando-a abstrata,
 duvido que ela exista
voltarei daqui a nada
não desiste quem acredita!

Fiquem aí esperando,
vou sair daqui disparado
para ver se o encontro
nalgum sítio agachado!

Do campo singelos,
não os vou aqui deixar
lindos lírios amarelos
comigo os vou levar!

Sem se aborrecer,
já voltei, aqui estou
com lírios para oferecer
a quem por mim esperou!
(Edumanes)

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

"SERICAIA"

Doce, sem amargor,
 porque me tentas
que bem te entendo
não resisto à tentação
a ti, eu, me rendo
por vontade do coração.

Minha doce paixão,
se me desejas
como eu te desejo,
com os olhos te vejo
nos lábios sinto
o doce do teu sabor,
bem vinda sejas
com amor e carinho
nos lábios te recebo.

Na tua suculenta doçura,
eu me acho, eu me perco
és tudo o que eu quero
minha doce loucura!
(Edumanes)

sábado, 25 de novembro de 2017

"CONCERTINA"

Quando outrora fui à festa,
da festa voltei dançando
agora aqui a estou ora essa
com saudades, recordando.

Aquela música que lá ouvi,
com as suas brilhantes teclas
todas as concertinas que lá vi
jamais me esquecerei delas.

Fui de noite e voltei a pé,
por uma estrada de terra
vi no mar um barco à vela
 navegando ao sabor da maré.

Não tinha lama, tinha poeira,
 no mês de Agosto aconteceu
 galinhas cararejavam na capoeira
de manhã quando o sol nasceu.

Bem à sua maneira repimpado,
lá estava o galo no, seu, poleiro
conduzia as ovelhas para o prado
o pastar na herdade do Pardieiro!

Com o cigarro na boquilha,
para o ar deitando fumaça
assim no campo era  a vida
enquanto a luz não se apaga
termino com esta quintilha!
(Edumanes)