"UM DIA DEPOIS"

Os primeiros anos do novo regime foram perturbados por lutas entre os republicanos e os monárquicos; e, depois, pela primeira Guerra Mundial.

Depois da ditadura,

pelo povo descontente,

a luta continua,

porque bem não se sente.

Decorridos cento e dez anos,

da implantação da República,

muitos têm sido os enganos,

em troca de uma melhadura!

Porque dantes, muita, mais havia, 

não se podia votar em liberdade

porque só, mesmo, em democracia

se pode lutar contra a desigualdade!

"ROUXINOL CANTANDO, O MELHOR CANTO DOS PÁSSAROS)

Contrariado entendo,

sem ter pressa d'abalar

eis o motivo por que penso

no que não devia pensar.

Quando, daqui, partir,

nisso estou pensando

deixarei de ver e ouvir

os passarinhos cantando.

Acontece o que não desejo,

não posso evitar que aconteça

se já não sinto, já não vejo

 por ser, essa, a realidade,

 quando partir aqui a tristeza

  deixarei ficar com a saudade!

(Edumanes)

(ESPARRELA)

 Alguém quer que seja,

tudo feito à sua vontade

exercer há quem deseja

contra a povo clueldade.

Para que os mais afortunados,

possam ter alguma clientela

é preciso que os mais incautos

continuem a cair na esparrela.

Tentando tudo por tudo,

 os malfeitores mais insistem

com perigosidade para o futuro

das suas ideias não desistem.

Para que aconteça uma reviravolta,

com dissabores para quem trabalha

desde há muito tempo não só de agora

com ou sem razão toda a gente ralha!

(Edumanes)

Moiral

"MEDALHA SERVIÇOS DISTINTOS"

Foi detido por exercer pirataria,

 o herói da actualidade,

  mas, por colaborar com a justiça

todavia,  em liberdade 

saiu dos calabouços da polícia.

Pela excelente colaboração,

mantida com as autoridades

que sejam, ao herói, cidadão

concedidas regalias e liberdades

previstas na Constituição!

Cumpridas, todas, as formalidades,

que se proceda à condecoração

a qual por se julgar oportuna e justa

pelos bons serviços prestados à Nação

sendo merecedor dessa melhadura!

(Edumanes)

"FOICE E MARTELO"

Ponham de lado essa teimosia,

dos olhos não façam correr mais lágrimas

para que os lábios possam sorrir de alegria

com amor, à saúde batam palmas.

Para que o pior não aconteça,

haja cautela a toda a hora

se o corana não nos deixa.

A situação é preocupante

diz o, camarada, patriota

com a sua voz de chibante.

Camaradas tenhamos esperança

como nos impediu outrora

a Direcção-Geral de Segurança,

que a Direcção-Geral de Saúde, agora

não impeça a festa do Avante!

(Edumanes)

"QUEM SAI AOS SEUS NÃO DEGENERA"

"Moça duma magana

sai mesmo à mãe dela.

Moço dum cabrão

sai mesmo ô pai dele"

Linguagem alentejana!

Mesmo que, agora, fosse um paraíso,

reclamavam na mesma os que lá estão

o Alentejo já foi terra de, muito, trigo

outrora considerado o celeiro da Nação!

Não somente em Portugal,

dessa no mundo há muita gente

que de tudo e de todos diz mal.

Cada um com os seus hábitos

Alentejo -  terra e gente

azinheiras e chaparros!

(Edumanes)

FÁBULA

  "NÃO QUEIRA SER MAIOR DO QUE O SEU TAMANHO"

 A rã que quer ser boi

    Perto dum prado, onde pastava uma manada de bois, vivia numa poça de água uma rã que tinha quato filhos.

    Certa ocasião, em que um dos bois se aproximou deles, disse para os filos:

- Vou ver se me faço do tamanho do boi. Quero que sejais testemunhas do meu feitio. Ora olhais!

  E, dito isto, começou a inchar-se a inchar-se. Julgava, a tola, que dessa maneira poderia vir a ter a corpulência do boi.

- Ainda falta muito, minha mãe!  - disse uma das rãzitas.

- Ora, ora! - exclamou outra - O boi é muito maior...

- E agora? - perguntou a vaidosa, ao passo que fazia mais esforços por ser tão grande como o outro animal.

- Estás na mesma , mãezinha! - respondeu a terceira das rãzitas.

Mas a rã não fez caso; continuou a inchar-se e tanto se inchou que, daí a pouco, morria rebentada, deixando os quatro filhos a chorar a sua orfandade.

"TANGANHADA"

Atã compadre Zéi! como é que vai essa moega? 

Por causa do Coronavirus, agora, não sendo aconselhável a tanganhada. Tome lá uma cotovelada!

E para que eu deva agradecer, gentilmente, a sua amável gentileza, por me convidar para a merenda. Não se  esqueça, compadre Zéi,  do pão,  do conduto. E, já agora traga, também, o vinho!

"NO POLEIRO"

Noite de festa no Palácio da Grei,

no poleiro se ouvia o galo cantando

sentado na poltrona escutava o Rei

enquanto a Rainha tocava piano!

No Palácio a Rainha,

toca piano e canta

quando a noite se avizinha

 a vontade se agiganta.

A Rainha no pagode,

toda a noite dança 

o Rei está velhote

na poltrona descansa.

A velhice é que nos rouba

a qualidade de vida e a folia,

deste mundo nos manda embora

para onde não há alegria!

(Edumanes)