domingo, 8 de maio de 2016

"TRISTES LEMBRANÇAS DO PASSADO"

Era arriscada aventura,
reivindicar aumento salarial
no tempo da ditadura,
aqui em Portugal,
só por meio tostão,
porque, o ditador Salazar,
sem dó nem alma
mandava com o cacete
bater, porque ignorava
o mesmo que cachaporra.
Sem azeite,
para temperar a açorda 
o trabalhador camponês 
lá no campo ao rigor
trabalhando para o latifundiário,
à chuva, ao frio e ao calor,
pobre cidadão português,
sem controlo de horário!
Quem mais sofria,
era o povo alentejano,
por causa da injusta divisão
porque a terra era de meia dúzia
contra a desenfreada exploração
quem reclamasse de penúria
levava porrada no lombo!
(Edumanes)

sábado, 7 de maio de 2016

"XAROPE DE CAPILÉ"

"Bom Dia, se Possível Com Muita Alegria e Boa Disposição"

Alentejano com fé, neste dia de invernia! Não foi à inauguração do Túnel do Marão, porque ontem à noite  à socapa entrou na tasca da Marilé!
Olá, olé, logo fez subir a maré...Meteu a rolha no gargalo da garrafa da Capilé!
Depois dum mergulho bem sucedido, seguido dum gemido sentido, ouvido e divertido!
Foi embora sem boné, porque o deixou dentro da sanita, ao lado do bidé, cheio de nódoas das borras do xarope de capilé!..

sexta-feira, 6 de maio de 2016

"NAS PÉTALAS DUMA FLOR"

Escorregou na escadaria,
tinha nas mãos a colher de pau
quando imaginou naquele dia
misturando na água o colorau!

Será que alguém ficou rindo?
Nos degraus junto ao consultório
pois, sem saber para onde  fugindo
tropeçou nos pés do lavatório.

 Pelas ruas, triste sem amor,
sem destino vagueava a ternura
nas pétalas perfumadas duma flor
chorando lágrimas de amargura!
(Edumanes)

quinta-feira, 5 de maio de 2016

"A LUZ AO FUNDO DO TÚNEL"

Hoje é Quinta-feira da Ascensão,
é dia para quem quiser apanhar a espiga!
Aqui na Póvoa de Santa Iria está chovendo
será, mesmo, verdade ou apenas cantiga,
o que estão p'raí dizendo?...
No próximo sábado vai ser inaugurado
o tão polémico e falado Túnel do Marão,
aos contribuintes terá custado um dinheirão
mas, pelos utilizadores será bem pago?
(Edumanes)

quarta-feira, 4 de maio de 2016

"DOR QUE A MINHA ALMA TEM"

Vaga, no azul amplo solta, 
vai uma nuvem errando.
O meu pensamento não volta.
Não é o que estou chorando.

O que choro é diferente. 
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente, 
a nuvem flutua calma.

e isto lembra uma tristeza 
e a lembrança é que entristece,
deu à saudade a riqueza
da emoção que a hora tece.

Mas, em verdade, o que chora
na minha amarga ansiedade
mais alto que a nuvem mora,
está para além da saudade.

Não sei o que é nem consinto
à alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto,
dor que a minha alma tem.

(Poesias de Fernando Pessoa)

segunda-feira, 2 de maio de 2016

"HOSPITAL"

Não estejam a pensar amigas e amigos, de que estou esquecido de visitar os vossos blogues e comentar as vossas prosas e rimas. Mas, aconteceu o que eu nunca pensava que poderia acontecer...Uma das minhas duas filhas teve um enfarte. Foi muito forte para a idade dela, segundo disse o médico que a socorreu no hospital,  na noite do passado dia 25 do mês de Abril, para ode se deslocou devido a  dores sentidas no peito. Estava no sítio certo, à hora certa, porque se tivesse em casa, teria sido muito difícil a recuperação. Graças à pronta e rápida intervenção médica, ela está recuperando, livre de perigo!

segunda-feira, 25 de abril de 2016

"VERDE NASCE, VERDE CRESCE"

De dor se padece!
Com a foice ceifado
na idade adulta alourado
verde nasce, verde cresce
o trigo na terra semeado.

Uma noite ouvi barulhar,
 fiquei em silêncio cheio de medo
lá no Alentejo um grilo a devorar
as verdes folhas do trevo

O vento neles a soprar,
fazia abanar os arbustos
foi nas noites de luar,
que apanhei grandes sustos.

Quando eu ficava quedo,
porque ela também ficava
da minha sombra tinha medo
de noite quando para ela olhava.

A correr sem olhar para trás,
ó! Pernas para que as quero,
na minha vida era um desassossego
o cagúfe não me deixava em paz!
(Edumanes)

sexta-feira, 22 de abril de 2016

"NO CANTO DO OLHO"

 Não deixa ficar desalojado,
quem você mais ama chorando,
com uma lágrima no canto do olho
se sair fecha a porta com o ferrolho
em casa, no trabalho ou viajando
 bom fim de semana, prolongado!

Não haverá felicidade sem amor?
 Para quem a vida será mais sombria,
 quem no corpo sente ausência de calor
mergulhado na tristeza, sem alegria.

Não satisfeitos os desejos,
 terão eles zarpado com os afagos
sentindo ausência dos doces beijos
esperando ternurentos abraços.

Terá sido apenas um sonho,
mas, podia ter sido realidade
à vida bela nunca se opondo
porque lhe dá estabilidade.

Zarpando da vida penosa,
 foi ao encontro da felicidade
adormeceu no colo da generosa
 acordou na cama da saudade!
(Edumanes)

quarta-feira, 20 de abril de 2016

"NA CHAPADA"

Bem me lembro ainda!
nunca ninguém este conto
terá ouvido alguém contar
escrito em prosa e em rima.
Na chapada um leão,
 junto à praia da Chuanga,
quando no Lago Niassa, 
nadava um tubarão!
Da outra banda a voar
 um mosquito sem destino,
de emergência foi aterrar
na torre dum submarino!
O comandante muito aflito
 deu o pino para dentro da Piroga,
 do Fuzileiro, António Páscoa,
rumo a Cobué navegava àquela hora!
Com amor é que melhor se constrói
a cama quem nela se quer deitar;
assim fez com bravura o herói
para evitar uma desgraça
naquela noite de luar!
(Edumanes)

terça-feira, 19 de abril de 2016

"SEM IMAGINAÇÃO"

Estava eu a pensar no que havia de escrever,
nada me surgia na imaginação! Resolvi então,
colocar a toalha na mesa da cozinha, a correr
fui buscar o chouriço, o presunto, o queijo e o pão,
a pensar qual seria depois do lanche a sobremesa
por causa da pressa, apressada, tropecei no garrafão
escusado será dizer, de que a culpada foi a paciência!
Peguei na cana, que tinha na ponta colocado o anzol
resolvi ir para o rio pescar, sem de pesca perceber
pelo caminho sem querer pisar, mas, pisei um caracol;
 o coitado do bicho, sem se poder da pisadela defender
telefonei, imediatamente, para a veterinária de serviço
 prontamente respondeu de lá que não podia atender
porque estava prestando assistência um ouriço!
(Edumanes)