De uma cepa fiz um pião,
de fios de linho fiz um cordel
num talego vazio sem farnel
para a merenda não havia pão!
Sempre houve e há descontentamento,
sempre houve e haverá arrogância,
a viajar, continuam no pensamento
lembranças, essas, da minha infância!
Nada disso estou inventando,
sem azeitonas um corno vazio
pelas faces corriam-lhe a fio
lágrimas dos olhos chorando!
Um alentejanito dizia,
tenho fome, ó! mãe dá-me pão
nos olhos, com lágrimas de tristeza,
magoado sentindo o seu coração
não filho! Sua mãe respondia. . .
O pão é para o teu pai comer
logo à noite, quando chegar do trabalho
com um feixe de lenha enfiado na cabeça!
Nada disso estou inventando,
sem azeitonas um corno vazio
pelas faces corriam-lhe a fio
lágrimas dos olhos chorando!
Um alentejanito dizia,
tenho fome, ó! mãe dá-me pão
nos olhos, com lágrimas de tristeza,
magoado sentindo o seu coração
não filho! Sua mãe respondia. . .
O pão é para o teu pai comer
logo à noite, quando chegar do trabalho
com um feixe de lenha enfiado na cabeça!
(Edumanes)
"Em algumas zonas do Baixo Alentejo. Era costume os homens à noite regressarem do trabalho com um feixe de lenha às costas. Para acenderem o lume e nele, ao serão, se aquecerem".