"BARCO CACILHEIRO"

Viajando de autocarro

 do Baixo Alentejo

com destino a Lisboa,

na rádio ouvindo cantar o fado

canção que bem me soa.

 

Cacilhas - Terreiro do Paço,

 fiz a trevessia do Rio Tejo

num barco a nevagar,

transportava tristeza e alegria

como é bom aquele, longínquo, dia

ainda agora o poder recordar.

Já que estás d'abalada,

adeus felicidade

no meu peito agasalhada

fica a tristeza e a saudade.

Confiando no teu olhar,

que me inspira confiança

sem perder a esperança

de que, ainda, possas voltar!

(Edumanes)

"POEMA...IMAGINAÇÃO"

Fui ao jardim para colher uma rosa,

a roseira  nem sequer me quis ouvir

imediatamente, me mandou embora

mas, de lá voltar pensei não desistir!

Por isso no dia seguinte voltei lá,

mais bonita, eu vi a rosa desfolhada

 outra mais bela do que essa rosa não há

eu a quero para dar à minha amada!

A roseira compreendeu,

não se opondo ao meu pedido

bem humorada me atendeu

 podes levar a rosa contigo!

Voltei com a rosa na mão,

 para colocar com amor e carinho 

 no seu peito, junto ao coração!

(Edumanes)

"PLANÍCIE"

Nas noites frias de inverno,

na fogueira me aqueci

há quem diga que é um deserto

o Alentejo onde nasci!

São tempos que já lá vão,

não se esquecem por nada

nos dias quentes de verão

uma sombra procurava!

Tentando afastar de mim,

toda a incerteza que me tentava

enquanto para a planicie sem fim

com esperança eu olhava!

(Edumanes)

"TANGANHO"

Numa viagem de sonho,

realizada em harmonia

pousado num tanganho

um passarinho se exibia.

Em Santa Margarida do Sado,

onde eu vi lindas moçoilas

 a olhar, para elas, fiquei parado,

  no campo, aquelas papoilas.

Colorindo a paisagem,

sobre a terra, verdejante,

no rosto sentindo fresca aragem

naquele lugar deslumbrante.

Como, bem, se pode ver,

paisagem alentejana

não é preciso eu dizer

 a imagem não engana.

 Pois eu não duvido, a beleza existe,

tudo, por Deus, foi feito na perfeição

 o pensamento é que um dia me disse

 de que, na vida, nem tudo será ilusão?

(Edumanes)

"SUÍNOS NO MONTADO"

 

Lembranças do passado,

que fiseram parte

da minha, atribulada, infânia.

Sem ter para onde ir

lá do monte para onde fui levado

conta a minha vontade,

mais do que uma vez pensei fugir,

quando eu era criança.

De dia lavrei terra com a charrua

guardei suínos no montado

à noite frequentei a escola noturna.

Confesso que ainda agora

me sinto revoltado/magoado

mas, apesar da minha revolta,

recordo aquele tempo

com alguma tristeza,

no entanto reconheço,

também tinha a sua beleza!

(Edumanes)

"VIAJANTE INVISÍVEL"

Tem perfume e ternura,

nas pétalas, essa rosa branca 

delicada e pura

a sua cor é que me encanta!

Quando nas televisões ouvi dizer,

o Corona, em viagem, está vindo da China

sendo preocupante o que está a acontecer

mais o que poderá acontecer ainda!

Continua a causar-nos desconsolo,

sendo bem mais do que pensei então

todavia, por ser invisível e contagioso

não prescindo dos meios de proteção!

Ele, anda de boca em boca,

atrevido, entra onde não deve

tenhamos, portanto, atenção

toda a cautela pode ser pouca

para quem enfrentá-lo se atreve

sem, usar, adequada proteção!

 Quem antes o houvera de prever,

o que nos está acontecendo agora

sossegados não nos deixará viver,

enquanto, daqui, não se for embora!

(Edumanes)

"A IMAGEM NÃO ENGANA"

Há quem tudo queira,

em tempo de pandemia

seja de qualquer maneira

aos outros causa arrelia!

Para tudo não chega,

causando barafunda

prevalece a incerteza

o gaveto não abunda!

Há quem não compreenda,

ou não queira compreender

nem sempre será como se pensa

o que amanhã poderá acontecer!

O destino é que determina,

ninguém mais tem esse poder

de manhã quando a noite finda

espero para ver o Sol nascer!

(Edumanes)

"CABRESTO"

 A máscara não é nenhum cabresto, 

sendo, sim, uma necessária proteção

 poderá causar algum desassossego 

todavia, é preciso prestar atenção!

Não se deixa deter,

a teimosia continua à solta

de quem não quer proteger

nem  o nariz nem a boca!

 Contribuindo para a desgraça,

enquanto,  vagueia pelas ruas

teimando contra o uso de máscara

faz o SNS rebentar pelas custuras!

(Edumanes)

"A ÁGUA SUSTENTA A VIDA"

Quando faltar água na terra,

na terra não haverá, mais, vida

como essa imagem revela,

será que alguém, ainda, duvida?

Mesmo devagarinho,

longe se poderá chegar

para o progresso avançar

desimpeçam o caminho!

Veio para nos impedir,

de podermos continuar

não nos deixa progredir

temos de o enfrentar!

Desertor do covil, 

terror anda a espalhar

esse inimigo invisível

continua a matar!

(Edumanes)

"JUNTO À IGREJA"

Olha a rosa, olha a rosinha,

naquela roseira, em botão

se ela não é tua nem minha

de quem será, ela, então?

Se eu pudesse ainda agora,

como outrora, podia, correr

ia já para mim sem demora

 aquele botão de rosa colher.

 Para num vaso, junto à Igreja, colocar,

mesmo, ali, em frente à minha janela

todos os dias a rosa perfumada e bela

 até a vida ter fim, para ela poder olhar!

(Edumanes)