terça-feira, 29 de novembro de 2016

"DO OUTRO LADO DO CERRO"

Não é não no deserto,
Parreiras pequeno povoado
no Baixo Alentejo
onde reina o sossego
lá do outro lado do cerro
fica o Vale de Santiago.

Como eram outrora, 
os costumes do seu povo
e a sua alimentação
diferentes dos de agora
desta nova geração!

De manhã era o almoço,
à noite a ceia, ao meio dia o jantar
  num talego as mondadeiras
 levavam uma migalha de pão
meia dúzia de azeitonas 
de conduto para jantar.
"Abutos" pela estrada fora
para o trigo ir mondar
saiam das Parreiras
ao romper da bela aurora!
(Edumanes)

domingo, 27 de novembro de 2016

"COLHENDO FLORES"

Contigo ao Alentejo,
ai ai, colher flores
ir também eu quero
 ai ai, quando lá fores!

Ficar aqui sozinho,
não me deixes ai ai,
a tua beleza me atrai
para te beijar ai ai,
com amor e carinho!

Depois do sol se por,
de candeia acesa na cabana
 juntos, ai ai, cantando amor
uma moda alentejana!
(Edumanes)

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

"GAITA"

Bom fim de semana,
onde quer que estejam
das ameaças se protejam
a verdade não engana!

Jamais será recuperada,
sendo a que falta agora
a potência desperdiçada
como abundava outrora
quem pensa que não acaba?

 De uma porta mal fechada,
livre passa o vento pela greta,
como dantes já não toca a gaita
 nem, mesmo, com uma gorjeta!
(Edumanes)

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

"SORTE DO CANECO"

Vão pregar para o deserto,
sem poderem fugir da morte
pode ser que lá encontrem a sorte
nessa sorte que eu não acredito não
nem tão pouco na sorte do caneco
que se parte quando cai no chão!

Acredito na exploração,
para se enriquecer
tirar a quem tem menos pão
para dar a quem mais tem
na vida, pão para comer!

Não estou inventando, porém,
não se inventam as verdades
só se inventam as mentiras
das noitadas bem divertidas
dessas é que eu tenho saudades!
(Edumanes)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

"FERMENTO"

O coração é tão frágil,
tem de ser bem protegido
quando se sente ofendido
acalmá-lo não é fácil!

De sede morreu a preguiça,
com a água até ao pescoço
quem na verdade não acredita
com a mentira morre por gosto!

Se a verdade magoa,
a mentira mais engana
de falsidade não se cansa
quem no mundo a apregoa!

Faz falta para a cura o remédio,
como para levedar a massa o fermento
 sejam a penas as palavras sem descrédito
porventura, arremessadas ao vento!

Enquanto ainda tem cura,
seja feito o tratamento
para se evitar o sofrimento
não se faça da vida aventura!
(Edumanes)

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

"LEDO"

De neve rodeado,
até me sinto mais ledo
 naquele cenário esbranquiçado
onde nasce o Rio Mondego!

Admirável paisagem,
mais vale estar, além, sozinho
do que mal acompanhado sentindo
no rosto a fresca aragem!

Foi apenas um sonho,
que houvera de acontecer
de alegria ainda disponho
por neste mundo viver!
(Edumanes)

domingo, 20 de novembro de 2016

"JÁ CHOVE"

Quem não tem pão,
não o come,
não chovia, mas já chove
gotas de água são!

Das nuvens caem na terra,
fazem crescer  a erva no prado
porque de muitas vidas dá cabo
acabem senhores com a guerra!

O chibante não vence,
uma bala pequenina
muito mais quer ainda
além do que lhe pertence!

Nasceu o soldado,
para na guerra combater
não acontece por acaso,
o que tem de acontecer!
(Edumanes)

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

"O CIRCO"

Não fui visitar os leões,
hoje, não estava previsto
fui ao Parque das Nações
 mas, não entrei no circo!

Instado à beira do Rio Trancão,
 está o circo Victor Hugo Cardinal
para adultos e crianças animação
já são raros, aqui, em Portugal.

Porque alguns cabeças de abóbora,
a inveja não os deixa alegria construir
 por os palhaços do circo nos fazerem rir
 tanto a dor de cotovelo os incomoda!
(Edumanes)

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

"VERDE NASCEU"

Sei que velho estou ficando,
 mas, não cansado de viver
com o espelho não me zango
 por nele as rugas da cara ver!

Nas noites sem ceia,
o sono desapareceu
semeei trigo e aveia
na terra, verde nasceu.

Não estou arrependido,
do que fiz, nem do que não fiz
por todo o tempo já vivido
no tempo me sinto feliz!

Viajante sem tostão,
neste mundo aprendiz
 foi por um triz que não fiz
no nariz um arranhão!
(Edumanes)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

"AROMA E AVE"

Eu digo, quando assoma
o astro criador:
-Deus me fizesse aroma
de alguma pobre flor!

E digo, quando passa
uma ave pelo ar:
-Deus me fizesse a graça
de asas para voar!

Aroma, da janela
me evaporava eu,
me respirava ela
e me elevava ao céu!

E quem, se eu fosse uma ave,
me havia de privar
a mim de luz suave
daquele seu olhar?
(João de Deus)

domingo, 13 de novembro de 2016

"DE FLOR EM FLOR"

De manhã cantava o Rouxinol,
o vizinho Gaio a cantar respondia
 de ervas se alimentando o Caracol
quando no horizonte o sol nascia.

Chorando triste estava sem amor,
o Sapo com uma lágrima no olho
tinha sido nomeado investigador
de contente saltava o Gafanhoto!

 Escondido numa valeta,
estava o  Rato roedor,
 a Srª. Dona Borboleta
voando de flor em flor.

Perturbando o sossego,
as asas do insecto zunindo
o Grilo comendo trevo
debaixo do rosmaninho
irrequieto não pára quedo
   nem dentro no buraquinho!  
(Edumanes)

sábado, 12 de novembro de 2016

"LAMPARINA"

Mote,

Tirado do pote,
ela consumia azeite
para a  noite iluminar
era sempre bem aceite
numa casinha pobre
alegria nela pairar!

Azeite consumia,
na história ela ficou
a lamparina iluminou
 tristeza e alegria!

Em casas portuguesas,
pobres, pobrezinhas
eram mais as incertezas
do que milagres mezinhas!

Como outrora eles continuam,
a correr sem parar atrás da ganância
para o caminho a quem tem esperança
barrarem, com arrogância actuam.

Imagino, não invento,
desconheço como irá terminar
para todos livre não sendo,
se a pobreza, portanto,
não é portadora de livre trânsito
não pode livremente circular!
(Edumanes)

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

"LAMPARINA"

Coimbra tem mais encanto,
na hora da despedida
para da lamparina mergulhar a torcida
de azeite um pote em cada canto.

 A juventude perdida,
por onde é que ela andará
quem parte mais não voltará
tudo acaba no fim da vida.

Nasci no Monte do Vale Burro,
em criança para os Vales fui recambiado
até aos 20 anos, com esperança no futuro
trabalhei no Monte do Pego do Alto.

Trabalhei no campo ao rigor,
enfrentando tempestades
sem carinho e sem amor
de quem partiu com saudades.

Quando era criança,
tanto eu chorei e sofri,
sem perder a esperança
na vida sempre venci!
(Edumanes)

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

"O GATINHO E O POTE"

Sem açúcar é amargo, gosto dele docinho!
Estava eu com uma colher de chá na mão 
mexendo, para dissolver a açúcar no café,
ora para a direita, ora para a esquerda,
dentro da chávena, com esperança e fé.
 Da mão se escapuliu a colher foi cair no chão
 mas foi com rapidez que do chão a apanhei
tendo feito tombar a chávena sem querer
em cima da mesa, se entornou o café...
Com fome debaixo da mesa miava o gatinho,
coitadinho, sem ter nada para comer,
Tanto azar num só dia tinha de acontecer.
O gatinho saltou para cima da tampa do pote,
com o embate, a tampa saltou fez tombar o pote
todo a azeite que continha, no chão se derramou,
logo apareceu a gata a correr, para salvar o seu gatinho.
Escorregou no azeite espalhado pelo chão da cozinha,
saiu disparada pela janela, foi cair em cima do tejadilho
dum carro que àquela hora na rua circulava, só visto!
O condutor se assustou, perdeu o controlo do carro
 foi embater numa árvore que do carro não se desviou,
o qual ficou virado com as quatro rodas para o céu!
A olhar para tudo aquilo até quase que fiquei gago
 da cabeça uma lufada de vento me fez voar o chapéu.
  Apesar daquele, tão, aparatoso, ocorrido, incidente
 por sorte,  felizmente, ninguém ficou ferido,
espero que o futuro para melhor seja diferente
mas disso não estou muito convencido?
(Edumanes)

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

"COISAS DO DESTINO"

Sejam ou não sejam surpresa,
todavia, são notícias relevantes
na América e na Nação Portuguesa
não deixam de ser importantes.

O tão procurado presumível assassino,
de Aguiar da Beira, resolveu, finalmente,
entregar-se às autoridades policiais declarando
estar, dos crimes de que é acusado, inocente
pelo bom comportamento estará pensando
se calhar de que poderá ser condecorado?
 Mas, não como, na América, o destino
que deu a vitória a "Pato Donaldo"?

Ele venceu as presidenciais,
como futuro presidente discursou
prometendo mais escolas e hospitais
à união dos americanos apelou.

Sem duvidas  a vitória final,
com arte e manha conquistou
durante a campanha eleitoral
bem ele à sua maneira falou!

Mas, e porque o povo gostou,
do seu bem estilo de americano
 se calhar foi por isso que nele votou
oxalá não tenha sido por engano?
(Edumanes)

terça-feira, 8 de novembro de 2016

"ONDE A TERRA ACABA"

O calor já se foi embora,
com esperança e fé
de que p'ro ano estará de volta,
faltam 3 dias p'ra  São Martinho chegar
com uma mão cheia de castanhas para assar
e para beber dois almudes de água-pé!

Enquanto as ondas não se acalmam,
o mar continua alteroso
neste mundo quem prospera é o ganancioso
porque as vozes dos humildes se calam.

Entre as ondas desapareceu,
lá muito longe um barco  navega
na areia da praia alguém escreveu
onde a terra acaba e o mar começa
se deslumbra o azul da cor do céu!
(Edumanes)

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

"ÁGUA PURA"

Colhi uma flor,
no Vale da Ternura
vi correr água pura
no Rio do Amor,
 em cada margem
 verde paisagem.
 Vi ainda muito mais
 lindos olhos de menina 
brilhantes como cristais.
 Vi por lá, também, ainda
lá mais para cima no monte
com dois repuxos uma fonte
brotando água cristalina!
(Edumanes)

domingo, 6 de novembro de 2016

PENSO EU!

A Pitinha tem um grilinho,
 foi com ele para o campo
viu borboletas voando
com medo o coitadinho
na pitinha dela se escondeu
de que a Pitinha está adorando
o grilinho na sua pitinha, penso eu!
(Edumanes)

sábado, 5 de novembro de 2016

"VOANDO"

Com pressa tanta,
porque faz sentido
na garrafa do capilé,
contendo doce líquido
não perde a esperança
quem na vida tem fé!

Toda ela pelada,
 dos pés ao pescoço,
sem cuecas e sem saia
quase que ficou louco
quando viu a catraia
 e salta e salta, olé!

Em silêncio sem banzé,
com porta toda escancarada
mete e tira a rolha da garrafa
faz subir e descer a maré.

Se vissem o que eu vi,
não vos digo, ontem à noite
na parede um estrondo ouvi
foi a mula que deu um coice.

Da maneira, pudera,
que eu vi a mula e o macho
quanto mais e mais quisera
sem tirar a cima e a baixo.

Porque, a vida é feita,
de altos e baixos
nem sempre perfeita
com os pés descalços.

Pronto para me deitar na cama,
colocados em cima do capacho
não apareceu enviou um telegrama
lá se foi tudo pela água abaixo!

Resolvi não colocar aqui a imagem,
  porque ela é escandalosa, eu previa
veio da Póvoa de Varzim, em viagem
voando para a Póvoa de Santa Iria!
(Edumanes)

"ENTRE O CÉU E A TERRA"

 Ouvi os grilos cantando,
trabalhando vi as formigas
pelas ervas caminhando
fui picado pelas urtigas!

 Desassossegada comichão,
percorreu todo o meu corpo
pior do que a tristeza no rosto
quando sentida no coração!

Todavia, reposta a situação,
tudo voltou à sua normalidade
  por ser me sinto orgulhoso cidadão
  deste pais com 873 anos de idade!

Nas fileiras do Exército lutei,
em defesa desta Mui Nobre Nação
  pelo seu progresso me esforcei
 agora estou na aposentação!

 Não seja a democracia,
engolida pela ganância,
interditadas à corrupção
sejam as viagens de avião
ainda não perdi a esperança!
(Edumanes)

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

"UMA A UMA"

Na vida o sofrimento,
adoece a felicidade
as nuvens embalam no vento
no pensamento a saudade.

Caídas lágrimas tantas,
libertas dos olhos se viram
como de asas brancas
as penas uma a uma caíram.

 Na terra sepultadas,
para sempre adormecidas
pelas guerras causadas
 tantas vidas perdidas!
(Edumanes)

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

"FLORES E PERFUME"

Mil anos de história,
a pregar no deserto,
para avivar a memória
ordem e progresso
mil anos de glória!

 Mil anos quisera,
viver em liberdade
sem fim vida boémia
mil anos de fartura
mil anos de saudade
com amor e ternura.

Mil anos de aventura,
 pelo mundo a viajar
vida bela sem amargura
mil anos deveria durar!
(Edumanes)

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

"MENOS MAL"

Enganos e desenganos,
fazem parte da vida afinal
faz hoje cinquenta e três anos
que cheguei a Vila Cabral.

A cidade era pequena,
o quartel menos mal
cine-teatro, casa de cinema
era um edifício normal.
Havia um banco e uma Igreja,
bazar e uma escola de condução
para apagar a tristeza no coração
tinha lá a Laurentina cerveja.
  Com sede em Vila Cabral,
do Governo Civil do Distrito do Niassa
também havia o Palácio Provincial.

Tinha um restaurante,
 estalagem e uma padaria
um aeroporto degradante
onde de noite luz não havia.
Esse era o velho aeroporto,
ao tráfego aéreo foi encerrado
porque o novo aeroporto
foi em 1964, no mês de Agosto
por Américo Thomaz inaugurado.

Não estou arrependido,
porque valeu a pena
Vila Cabral ter conhecido!
(Edumanes)

terça-feira, 1 de novembro de 2016

"CAMÉLIA"

Na janela um manjerico,
no pomar cheira a flor de laranjeira
nos encontrámos lá no bailarico
dançamos a noite inteira

Foi uma noite divertida,
para sempre recordar
com o seu vestido de chita
prateado, de noite ao luar!

Juntos de lá saímos,
ao romper da bela aurora
caminhando seguimos
por uma estrada fora.

A rua onde, ela, mora,
não me disse o seu nome
  por isso é que não sei onde
a devo procurar agora!

Não pretendia desistir,
mas, não tenho outro remédio
o melhor é continuar a sorrir
descubra ou não o mistério!
(Edumanes)